Fonte: Faunanews
O bioma Pantanal está retratado na exposição fotográfica Água Pantanal Fogo, no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo (SP). As imagens são do fotojornalista Lalo de Almeida e do fotógrafo de natureza Luciano Candisani. O evento, que ocorre até 12 de maio. Retrata a força da vida e a luta contra a morte que convivem na região.
Lalo de Almeida é fotojornalista do jornal a Folha de S. Paulo e retratou o combate e as consequências dos incêndios ocorridos em 2020. O fogo foi responsável pela destruição de 26% do bioma e a morte de mais de 17 milhões de animais silvestres. Já Luciano Candisani é fotógrafo especialista em documentar ecossistemas pelo mundo. Ele está apresentando uma série de imagens das águas pantaneiras, produzidas em condições complexas durante a época de cheias do Pantanal.
Curador responsável pela exposição, o fotógrafo e jornalista Eder Chiodetto explicou sobre a importância de se trazer uma exposição sobre o bioma. “Desde a ocorrência do aumento imenso dos incêndios criminosos e do avanço do garimpo ilegal que tiveram o ápice em 2020 com o apoio do governo Bolsonaro, eu pensava em fazer uma exposição de impacto. Trabalhei com Lalo de Almeida na Folha e acompanhei a cobertura corajosa e arriscada que fez em 2020 no Pantanal. Ele teve um papel político de suma importância com suas fotos circulando o mundo e ganhando prêmios internacionais. Em seguida o Luciano Candisani me enviou o livro de sua autoria, Terra d’água Pantanal, no qual mostra todo seu virtuosismo nas imagens subaquáticas”.
“Na hora me deu o estalo de juntar essa pulsão de vida emocionante que as imagens do Luciano revelam com o horror e a pulsão de morte que as fotos do Lalo nos mostram. Encontrar a métrica, o equilíbrio entre as duas narrativas foi o meu desafio como curador.” E Eder avalia ter conseguido. Ele relata que os visitantes têm se emocionado, incluindo com alguns saindo da exposição chorando. “É fantástico o poder de comunicação direta que a fotografia documental tem com o grande público”.
Levar ao conhecimento pela conservação
Reconhecido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como Patrimônio Natural da Humanidade e Reserva da Biosfera, o Pantanal é umas das maiores planícies inundáveis do planeta e protagonizou, em 2020, incêndios históricos que chamaram a atenção de todo o mundo. O diretor de comunicação da ONG SOS Pantanal, Gustavo Figueirôa, esteve na linha de frente no combate aos incêndios e resgate dos animais silvestres sobreviventes, esteve na abertura da mostra “A exposição traz o contraste das belezas do Pantanal, retratadas pelo Candisani, e, logo ao lado, uma destruição causada pelo fogo. É uma dicotomia muito grande, um conflito o tempo inteiro. Você vê coisas muito bonitas e, no segundo seguinte, uma tragédia muito grande.”
Gustavo ainda salienta: “Isso conecta com o Pantanal que a gente já teve e o Pantanal que a gente vai deixar para as gerações futuras. A importância de levar uma exposição para a maior cidade do Brasil é exatamente mostrar esse peso do que acontece no bioma, tanto a morte quanto a beleza que ainda podemos preservar”.
Sobre a autora / Isabella Baroni: Nascida em Jundiaí (SP), é bióloga pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e estudante de Jornalismo pela Universidade Cruzeiro do Sul, o que permite integrar seus trabalhos em educação ambiental com a comunicação. Atuou em projetos voltados à conservação do mocho-dos-banhados no município de Americana (SP)
Água Pantanal Fogo segue em abeta ao público até 12 de maio, na rua Coropés, 88, em Pinheiros, São Paulo (SP). A entrada é gratuita e a visitação acontece de terça a domingo, das 11 às 19h. A mostra tem apoio do Documenta Pantanal.